A sociedade e as pessoas portadoras de anomalias ao longo do tempo
→ A exclusão social aplicada para com as pessoas ditas portadoras de uma deficiência não é algo recente nem algo característico de uma dada era histórica. Estas pessoas sofrem agressões por parte da sociedade desde sempre e infelizmente isso ainda acontece nos nossos dias, embora seja de uma forma mais atenuada.
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Antiguidade:
Se remontarmos aos tempos mais remotos da antiguidade constatamos que a sociedade era cruel e desprovida de qualquer tipo de escrúpulos para com as pessoas portadoras de anomalias. Por exemplo em Esparta os defeituosos eram propositadamente eliminados. Consta que os romanos matavam as crianças que nasciam com deficiências deitando-as em esgotos.
A pessoa com deficiência parecia não ter importância enquanto ser humano,
Uma vez que a sua exterminação (abandono ou exposição) não demonstrava
Ser um problema ético ou moral.
Kanner (1964) relatou que “a única ocupação para os retardados
mentais encontrada na literatura antiga é a de bobo ou de palhaço,
para a diversão dos senhores e seus hóspedes” (p. 5).
Não há qualquer evidência de esforços específicos para se providenciar abrigo, protecção, tratamento e/ou capacitação a pessoas com deficiência nessa época.
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Idade média
Aparentemente, pessoas com deficiências físicas e/ou mentais eram ignoradas e largadas à sua sorte, tendo de buscar a sua sobrevivência na caridade humana.
A sociedade da época via a deficiência como um fenómeno metafísico, de natureza negativa, ligado à rejeição de Deus, através do pecado, ou á possessão demoníaca, sendo por isso muitas vezes essas pessoas eliminadas.
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Sécs. XVII, XVIII e XIX
A relação da sociedade com a pessoa com deficiência, a partir deste período passou a diversificar-se, caracterizando-se por iniciativas de Institucionalização Total, de tratamento médico e de procura de estratégias de ensino.
A deficiência mental continuava a ser considerada hereditária e incurável e assim, a maioria das pessoas com deficiência mental eram relegadas a hospícios, albergues, asilos ou cadeias locais.
As pessoas com deficiência física “ou eram cuidadas pela família ou colocadas em asilos” (Rubin & Roessler, 1978, p. 7). Os indivíduos com retardamento mental ou outras deficiências, ficavam mantidas em isolamento do resto da sociedade, fosse a título de protecção, de tratamento, ou de processo educacional.
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Séc. XXI
Em meados da década de sessenta é criado o “movimento pela desinstitucionalização”, baseado na ideologia da normalização, como uma nova tentativa para integrar a pessoa com deficiência na sociedade.
A palavra desinstitucionalização tem um prefixo que sugere o afastamento de uma instituição. Os primeiros usos da palavra descreviam os esforços para tirar as pessoas com anomalias de instituições, colocando-as num sistema, o mais próximo possível, do que fosse o estilo de vida normal numa comunidade.
Surge um novo princípio o “princípio da normalização”. O principal objectivo deste movimento era introduzir a pessoa com deficiência na sociedade, ajudando-a a adquirir as condições e os padrões da vida quotidiana o mais próximo do normal, quanto possível. O princípio da normalização, portanto, deu o apoio filosófico ao movimento da desinstitucionalização, favorecendo tanto o afastamento da pessoa das instituições, como a provisão de programas comunitários planeados para oferecer serviços que se mostrassem necessários para atender as suas necessidades.
Como principais resultantes do movimento começaram a surgir novas alternativas institucionais, então denominadas organizações ou entidades de transição. Tais entidades foram planeadas e delineadas para promover a responsabilidade e enfatizar um grau significativo de auto-suficiência da pessoa com deficiência, através do trabalho ou da preparação para o trabalho, envolvendo treino e educação especiais, bem como um processo de colocação cuidadosamente supervisionado.
O ambiente social planeado, que em muitos casos se constituía de experiências de pequenos grupos especiais, era visto como instrumento fundamental para a promoção da normalização do indivíduo.